terça-feira, 11 de agosto de 2015

[Livro] Hannibal

Tenho uma adoração imensa pelo Hannibal. Será saudável adorar um canibal? Provavelmente não, mas ele é fictício por isso tenho não pensar muito no assunto.
Passados muitos, mas mesmo muitos anos depois de ter lido todos os outros livros, consegui finalmente meter as mãos no último livro da colecção. Para além do último era o que mais queria ler! Não o encontrei à venda em segunda mão, não me o conseguiam arranjam na Bertrand, não o encontrava em bibliotecas... Este ano tive a sorte de o encontrar na Feira do Livro de Lisboa e não pensei duas vezes, trouxe-o comigo e imergi na leitura.

Hannibal

de Thomas Harris
Anos depois da sua fuga, pousando como o erudito Dr. Fell, um curador de um palazzo de uma grande família, Hannibal vive a boa vida em Florença, quase nunca matando ninguém. Clarice tem menos sorte: Sobrevive a um tiroteio do FBI que correu mal, e o seu grande inimigo, Paul Krendle, faz-lhe a vida negra, acabando suspensa. Por isso, por azar, o primeiro polícia a encontrar Hannibal é um italiano chamado Pazzi, que é tal como os seus antepassados retratados no Inferno de Dante como enganadores e traidores. Pazzi trabalha para uma personagem tão assustadora como Hannibal: Mason Verger. Quando Verger era jovem apanhado por violação de crianças, a sua riqueza salvou-o da cadeia. Tudo que ele precisava era de psicoterapia - com o Dr. Lecter. Graças ao tratamento, Verger está agora paralisado em todo o corpo menos numa mão, desfigurado e respira com ajuda de máquinas, a ver as suas agressivas moreias a devorarem outros peixes. A sua obsessão é dar de comer Lecter a outros animais igualmente agressivos.


Devorei o livro. Adoro a escrita de Harris, é bastante rápida e precisa e as suas divagações servem de alguma coisa. Estava ansiosa para chegar ao final, a parte que mais queria saber! A história estava a ser tão boa e tão parecida ao filme que fiquei mais entusiasmada do que devia. Infelizmente, o final foi uma facada nas costas.

Tinha conhecimento que era diferente do filme, daí toda a minha curiosidade em saber o que acontecia realmente. Já sabia muito por alto o que acontecia e na minha mente, como as coisas aconteciam, era perfeito. O final era o final que tinha ouvido falar, mas o desenvolvimento foi outra história. Doeu-me tanto acabar por descobrir que - apesar de sempre ter sabido - o Hannibal Lecter não era aquele humano tão perfeito em tudo (excepto ser um serial killer e canibal), e tão em controlo da sua mente como achamos em todos os outros livros. Não. O Dr. Hannibal Lecter afinal é como todos os outros. Pode ser mais cavalheiro, mais charmoso, mais inteligente e seguro das suas acções mas é maluco. Na verdade existe REALMENTE algo de errado com a sua mente, não é só o trauma. O trauma causou a maluqueiras. Fiquei tão triste por ao longo de todos estes anos imaginar uma coisa e no final ser exactamente o contrário... Ele é doente. É brilhante, uma personagem fantástica mas é doente. E mau. Cruel.  Foi um grande golpe este final. Os livros enganaram até às últimas páginas. Queria imenso a Clarice e o Hannibal juntos. Não queria um falso amor, um amor distorcido e doentio. Aquilo é errado. Aquilo causou-me horror e isso é algo que é MUITO DIFÍCIL de me acontecer. Minha pobre Clarice... Como pôde este autor destruir assim duas personagens tão perfeitas? Golpe de mestre. Por mais que me custe dizer uma coisa destas, entendo perfeitamente porque mudaram o final do filme: era tudo demasiado complicado e complexo para lá ser explicado. E as pessoas iam-se sentir tão traídas como eu me senti. Prefiro o final do filme.


Thomas Harris é um excelente contador de histórias e um mestre do thriller e em brincadeiras da mente. Foi um final que me custou muito mas não queria que tivesse acabado. São histórias tão boas que deviam viver para sempre. Tenho imensa pensa de não ter mais nada destas personagens para ler. Depois de ter terminado este livro fiquei uns dias em luto de leitura

Se gostam de thrillers, façam um favor a vós mesmos e leiam os livros de Hannibal. Juro-vos que não é todos os dias que se tem uma leitura tão intensa capaz de despertar tantas emoções. É uma experiência única. 

(Não leva nota máxima por ainda me sentir traída pelo autor apesar de ter sido genial! Ainda me custa a acreditar que foi tudo uma ilusão.)

Sem comentários:

Enviar um comentário