The Mortal Instruments

Já consideravelmente atrasada na hype, finalmente li a saga completa de The Mortal Instruments de Cassandra Clare, também já conhecida apenas por Shadowhunters devido ao ao considerável tamanho do universo em que estas histórias se passam - Estes podem ser os livros principais, mas existe uma boa colecção de spin-offs.

Portanto, a saga The Mortal Instruments é composta por seis livros, sendo eles:

- City of Bones

- City of Ashes

- City of Glass

- City of Fallen Angels

- City of Lost Souls

- City of Heavenly Fire

A história segue o percurso de Clary neste novo mundo das sombras que ela própria não sabia que fazia parte até ao dia em que vê um grupo de jovens a matar um demónio... Algo que mais ninguém consegue ver.

Acaba por descobrir que é uma shadowhunter que são uma espécie de humanos, descendentes de um outro - o primeiro shadowhunter - que têm sangue de anjo nas veias e a missão de matar demónios. 

A mãe de Clary (que também é uma shadowhunter) escondeu-lhe a verdade pensando que a podia proteger deste mundo, porque Clary não é uma pessoa qualquer: ela é a filha de Valentine, o grande vilão que ameaça todos os shadowhunters e downworlders com as suas ideias extremistas e perigosas.

Clary que até aí fora uma adolescente completamente normal que gostava de mangas e desenhar e estar com o seu melhor amigo, Simon, do nada vê-se sozinha sem saber o que fazer e em quem confiar, porque a sua mãe foi raptada pelo seu pai que ela nem sabia que existia. 

Felizmente, ela recebe ajuda dos três shadowhunters que viu anteriormente: Jace, Alec e Isabelle.

A pouco e pouco Clary começa a entrar cada vez mais neste universo e a desvendar o seu passado, de modo a salvar a sua mãe e o mundo tal como o conhecemos das mãos de Valentine.

Mas também se apaixona por Jace que, por sua vez, também gosta dela. Mas o seu romance rapidamente se vai revelar proibido..

Por aquilo que já disse, parece que a história é apenas esta aventura, mas não. O que já disse é só a base onde assenta o verdadeiro tema: O romance de Clary e Jace. E todos os outros romances entre as personagens. Aqui as personagens só têm interesse se tiverem par amoroso e, se for um triângulo, ainda melhor! 

Cassandra Clare tinha um universo rico para explorar, cheio de anjos, demónios, vampiros, fadas, lobisomens... Mas prefere focar-se em romances de adolescentes. O mundo está em perigo mas 'bora perder tempo com dramas amorosos! 

A partir do momento em que uma personagem ganha destaque, é-lhe oferecido um interesse romântico. Quando pára de ter interesse, fica novamente solteira.

Isso foi das coisas que mais me irritou nestes livros. É tudo tão irrealista. Se a minha mãe fosse raptada ou o meu irmão assassinado, a última coisa que me interessaria seria arranjar namorado. Adolescentes têm o pito aos saltos mas também calma lá.

Apesar disso, admito que gostei bastante de ler os três primeiros livros. Não eram nada de especial, não faziam pensar muito, perfeito para limpar a cabeça de preocupações do dia-a-dia e para ler durante as férias.

Já os outros três... Já custaram um bocado. Podiam muito bem não existir - acabou tudo OK no City of Glass mas pronto, a Cassandra Clare não quis.

Depois foi-nos oferecido um novo vilão para as mesmas personagens... E o vilão tinha que ser, obviamente, parente de Clary porque... sim?

Estes três livros já foram um frete ler e engonhei muito tempo; tive que me obrigar a acaba-los.

Histórias paralelas completamente desnecessárias, parecia uma novela mexicana com vampiros e lobisomens. E o que não me incomodava nos primeiros três livros (conversas parvas de miúdos, etc) aqui já me conseguia tirar do sério; a história toma um rumo mais negro, ninguém teria aquele tipo de conversas idiotas e andaria a dizer piadolas enquanto as pessoas à sua volta estão a morrer.

O que podia ter sido explorado como crianças obrigadas a crescer depressa de mais, toda uma história mais complexa, continuou a focar-se em romances! Que ideia estúpida que isso dá aos leitores mais jovens! Que o mundo gira à volta do vosso namorado!! Não!!! Vocês são todos seres independentes! Vivam por vocês! Se tiverem um namorado, opá fixe! Mas tenham noção que a vida não é só isso.

Estava a chegar ao fim do último livro e a decidir que não queria perder mais tempo a ler os outros spin-offs de Shadowhunters. Senti uma pontada de pena porque passei mesmo um bom bocado com os primeiros livros... Até que, termina o último livro.

Então, temos o climax da história e depois ainda temos mais cento e tal páginas a tapar os buracos que todos os fios soltos que a Cassandra Clare deixou ao longo da narrativa. Não quero nada disso! Depois do climax é só mais umas páginazinhas e acabou! Foi um suplicio ler todos os mini finais que foram lá enfiados à força só mesmo para explicar/encerrar um assunto qualquer que havia sido abordado antes. Foi forçado e uma falta de respeito para muitas personagens que mereciam muito mais depois de todo o destaque que tiveram. 

A única questão que não nos foi respondida e que fizeram tease durante o livro todo é que me tirou do sério. Foi uma jogada inteligente da Cassandra Clare, devo admitir, mas também muito sacana. 

Se querem a resposta a isso... «Vão ter que ler a trilogia prequela!!!» Obrigando desse modo os leitores a continuar a ler o trabalho dela. No meu caso, eu que já havia decidido que não queria ler mais nada, fiquei furiosa porque quero saber! Quero resposta a essa pergunta! Senti-me enganada e super chateada. Ainda não decidi se vou ler esses spin-offs ou se simplesmente vou procurar spoilers online...

Só sei que não gosto que me façam de parva e foi exactamente isso que a Cassandra Clare fez. Jogada baixa, perdeu o meu respeito e não tenho vontade nenhuma de lhe dar mais dinheiro.

Bom, resumindo e concluindo: The Mortal Instruments é giro para passar o tempo mas não é de todo uma obra prima, longe disso até.

P.S.: Não, não me vou alongar e falar de incesto. Leiam e tirem as vossas próprias conclusões. Mas notem: Incesto é errado, sim.

P.S.2: Vi 7 episódios da série "Shadowhunters" que é baseada nestes livros. Não aguentei.