Este local, que já foi um estabelecimento prisional mais conhecido por receber presos políticos do Estado Novo (tais como Mário Soares, Álvaro Cunhal...), foi há três anos transformado num museu dedicado à memória do combate à ditadura e à resistência em prol da liberdade na altura de Salazar.
Decidi ir a Aljube com um primo por estarmos ambos a estudar a história da nossa família. Sabemos que o nosso tetravô esteve preso nessa cadeia onde foi torturado até à morte pela PIDE, e fomos com o intuito de descobrir documentos ou qualquer outra informação de valor relativa a esse antepassado, ou ao nosso bisavô que, apesar de ter sido detido para interrogatório várias vezes, nunca ficou preso.
Primeiro vimos tudo aquilo que o museu tinha para oferecer.
Nas paredes está toda uma história detalhada do início ao fim da ditadura em Portugal e existe também vários documentos (alguns originais e outros cópias) da censura feita pelo governo.
Foi muito interessante de se ver e penso que devia ser uma visita de estudo obrigatória a todas as escolas do país porque, apesar de ser um mau e triste capítulo, é uma parte importantíssima da nossa história e a maioria dos jovens de hoje não tem noção do horror que foram aqueles anos. Os nossos avós e alguns pais chegaram a viver nestes anos! Não foi assim há tanto tempo! Porque é que não se fala mais disto e existe tão pouca informação disponível?!
O sítio tem um ambiente pesado. Foi um local de imensas atrocidades cometidas a pessoas que só queriam ter direitos.
No final da visita fomos até à zona da documentação onde expusemos que éramos descendentes de alguns presos políticos que ali estiveram. A senhora que lá estava é a historiadora responsável pela investigação do museu e foi bastante atenciosa, ficando bastante entusiasmada por ter informações vindas de familiares directos de pessoas que lá estiveram. Acabámos por nos comprometer a pesquisar mais informação sobre os tempos dos meus familiares no Aljube, e a senhora de procurar os registos criminais da PIDE na Torre do Tombo e qualquer outra informação relativa ao mesmo.
Ofereci-me para lhe enviar também digitalizações das cartas que temos desses parentes que foram enviadas dessa prisão, tais como alguns retratos.
Foi uma surpresa tão agradável! Nunca na minha vida pensei que viéssemos a ter ajuda profissional oferecida nesta nossa pesquisa.
Sinto uma honra imensa em estar a ajudar a dar voz àqueles que sofreram às mãos do regime e por estar a enriquecer (nem que só um pouquinho) a história do meu país. Mas sinto principalmente um enorme orgulho em poder homenagear estes meus familiares revolucionários que sempre lutaram pela liberdade do povo... Algo que sempre me influenciou pois sempre partilhei com eles a mesma visão de uma vista justa e digna para todos.
Espero que o meu avô Garibaldi - esteja ele onde estiver - , esteja orgulhoso de mim, a única bisneta que conheceu, por estar a manter viva a chamada da luta a que dedicou a maior parte da vida.
"Das coisas lindas e feias Qual destas valerá mais: Viver sem termos ideias... Ou morrer p'los ideais..." - Garibaldi do Carmo, o meu bisavô (que escreveu isso atrás de um folheto da Festa do Avante!) |
Quando me falaste nisto parecia que estava a ver aquelas séries de investigação que passam na tv! Concordo contigo, se a visita a este tipo de museus estivesse incluída na formação talvez olhássemos para as coisas de maneira diferente. Espero que encontres mais documentos e mais informação acerca do teu avô.
ResponderEliminar