domingo, 28 de fevereiro de 2016

A Segunda Trilogia de Sevenwaters

Quando se fala em Sevenwaters normalmente pensa-se na trilogia que conta com "A Filha da Floresta", "O Filho das Sombras" e "A Filha da Profecia". Esses três livros por si só, fazem parte da primeira trilogia que é espectacular mas, alguns anos depois de concluída, a autora - Juliet Marillier - decidiu escrever mais três livros, criando assim uma saga de seis. É por isso que me refiro a esses três livros como a segunda trilogia, por não ser tão conhecida quanto a primeira.

Esperei bastante tempo até estar na disposição correcta para voltar a entrar no mundo de Sevenwaters. Tinha de ser a certa para poder mergulhar de cabeça da história para poder apreciar tanto os livros como apreciei os outros.




O Herdeiro de Sevenwaters
("Heir to Sevenwaters")
★★★★★

"Os chefes de clã de Sevenwaters são há muito guardiões de uma vasta e misteriosa floresta, um dos últimos refúgios dos Tuatha De Danann, as Criaturas Encantadas que povoam as velhas lendas. Aí, homens e habitantes do Outro Mundo coabitam lado a lado, separados pelo finíssimo véu que divide os dois reinos e unidos por uma cautelosa confiança mútua. Até à Primavera em que Lady Aisling de Sevenwaters descobre que está grávida e tudo se transforma. Clodagh teme o pior, uma vez que Aisling já passou há muito tempo a idade segura para conceber uma criança. O pai de Clodagh, Lorde Sean de Sevenwaters, depara-se com as suas próprias dificuldades, vendo a rivalidade entre clãs vizinhos ameaçar as fronteiras do seu território. Quando Aisling dá à luz um filho varão, o novo herdeiro de Sevenwaters, Clodagh é incumbida de cuidar da criança durante a convalescença da mãe. A felicidade da família cedo se converte em pesadelo quando o bebé desaparece do quarto e uma coisa não natural é deixada no seu lugar. Para reclamar o irmão de volta, Clodagh terá de entrar nesse reino de sombras que é o Outro Mundo e confrontar o poderoso príncipe que o rege. Acompanhada nesta missão por um guerreiro que não é exactamente o que parece, Clodagh verá a sua coragem posta à prova até ao limite da resistência. A recompensa, porém, talvez supere os seus sonhos mais audazes..."

Este livro é um guilty pleasure, admito. Não é nada de especial mas adorei-o do início ao fim. Tem um tom muito mais juvenil e fantasioso do que os seus precedentes mas isso não me incomodou porque me deixei envolver pela história sem dar sequer por isso.

Achei estranho e ao mesmo tempo interessante esta história de passar no Outro Mundo. Nos outros livros ouvimos sempre falar muito dele e dos seus seres mágicos mas nunca é um plano tangível. E assim, de repente, estamos nele e a interagir com várias personagens de lá que antigamente pouco ou nada falavam, quanto mais aparecer.

Gostei imenso das personagens principais que se tornaram logo as minhas preferidas desta nova trilogia.
O Cathal é daquelas personagens misteriosas, cheias de angst que acabo sempre por gostar, não me consigo controlar. E Clodagh  É uma personagem que nos mostra que não precisamos de nenhuma capacidade especial para ser uma heroína. Normalmente, em livros de fantasia, dão-nos sempre personagens principais femininas com algum grande poder, ou que saiba lutar como ninguém mas Clodagh não é nada disso. É uma mulher normal que gosta de tratar da casa e espera ser mãe um dia. Completamente o oposto do que estamos habituados a ver. Qualquer uma de nós pode ser uma Clodagh. Uma pessoa normal e surpreendente que luta por aquilo que quer da melhor maneira que consegue, sem precisas de ser uma guerreira ou uma feiticeira.

Já o romance (porque todos os livros da Juliet Marillier têm que ter um romance principal) é demasiado rápido a surgir, sem motivo... Mas opá, adorei. Senti muita angst e paixão fofinha entre eles e gosto tanto disso. Passei o livro todo a desejar a felicidade do casal.

Ganhamos um novo inimigo: Mac Dara. Um príncipe do Outro Mundo que tem muito destaque e importância para o futuro.

Este livro abre o caminho de Sevenwaters para o mundo fantástico. Enquanto na antiga trilogia só temos referências e influências celtas e fantásticas, aqui passamos a porta e entramos mesmo no mundo dessas histórias que passa de lenda a realidade. Estranhei mas entranhei. E este livro entra no Top3 dos livros que mais gosto de Sevenwaters. 

 ☽◯☾

A Vidente de Sevenwaters
("Seer of Sevenwaters")
★★★☆☆

"Sibeal sempre soube que estava destinada a uma vida espiritual e entregou-se de corpo e alma à sua vocação. Antes de cumprir os últimos votos para se tornar uma druidesa, Ciarán, o seu mestre, envia-a numa viagem de recreio à ilha de Inis Eala, para passar o Verão com as irmãs, Muirrin e Clodagh.Sibeal ainda mal chegou a Inis Eala, quando uma insólita tempestade rebenta no mar, afundando um barco nórdico mesmo diante dos seus olhos. Apesar dos esforços, apenas dois sobreviventes são recolhidos da água. O dom da Visão conduz Sibeal ao terceiro náufrago, um homem a quem dá o nome de Ardal e cuja vida se sustém por um fio. Enquanto Ardal trava a sua dura batalha com a morte, um laço capaz de desafiar todas as convenções forma-se entre Sibeal e o jovem desconhecido.A comunidade da ilha suspeita que algo de errado se passa com os três náufragos. A bela Svala é muda e perturbada. O vigoroso guerreiro Knut parece ter vergonha da sua enlutada mulher.E Ardal tem um segredo de que não consegue lembrar-se - ou prefere não contar. Quando a incrível verdade vem à superfície, Sibeal vê-se envolvida numa perigosa demanda.O desafio será uma viagem às profundezas do saber druídico, mas, também, aos abismos insondáveis do crescimento e da paixão. No fim, Sibeal terá de escolher - e essa escolha mudará a sua vida para sempre."

Depois do sucesso que foi para mim ler o "Herdeiro de Sevenwaters", estava com expectativas elevadas para este segundo livro, principalmente por ser focado na irmã que ajuda Clodagh no primeiro livro: Sibeal, que é uma aspirante a druidesa. Como o druidismo é um tema que me interessa bastante e por saber que a autora faz mesmo parte de uma Ordem de Druidas, estava mesmo muito interessada em lê-lo.

Acabou por ser o livro mais aborrecido de todos. Foi quase sempre só as dúvidas existências de Sibeal entre seguir o caminho do druidismo, para o qual tinha o dom e a certeza que era o correcto e o caminho de amar e casar e ter bebés... Porque os druidas não podem fazer isso. Aqui o romance é tão sem sal que dá vontade de levar os dedos à boca. Sente-se zero química entre as personagens. O interesse amoroso de Sibeal, Felix também consegue ser super desinteressante. 

Outra coisa em que o livro se foca é num monstro marinho. Sim, um monstro marinho. Se já tinha achado o outro livro muito fantasioso, este então... Achei um bocado demasiado. Não queria tanta fantasia assim, não era suposto haver tanta magia assim de caras em Sevenwaters, não é a isso que o leitor está habituado. Gostei de haver ligações a selkies mas não queria nada tão revelador. Prefiro o mistério.

Este livro, juntamente com "A Filha da Profecia", foi para mim dos piores livros da autora.

☽◯☾

A Chama de Sevenwaters
("Flame of Sevenwaters")
★★★★☆

"Dez anos depois do terrível incêndio que quase lhe custou a vida, Maeve, filha de Lorde Sean de Sevenwaters, regressa a casa. Traz nas mãos disformes as marcas desse acidente e dentro de si a coragem férrea de Liadan e Bran, os pais adoptivos, e um dom muito especial para lidar com os animais mais difíceis.Embora as cicatrizes se tenham fechado, Maeve ainda teme as sombras do passado — e o regresso a casa não se faz sem dificuldades. Até porque Sevenwaters está à beira do caos."

Maeve era uma das personagens que achei que seria mais interessante ler pois ficamos a conhecer o acidente que levou à sua desfiguração (ligeira) num dos primeiros livros. Queria saber como ia a autora escrever uma história a retratar as adversidades de uma personagem assim, diferente.

Fiquei muito feliz com a caracterização de Maeve. Realçando sempre a sua incapacidade de usar as mãos mas nunca a inferiorizando, fazendo um retrato credível das suas dificuldades e soluções.

Não vemos romance durante muito tempo, o que é de estranhar nos livros da autora pois sabemos que vai existir sempre. É quase todo ele focado em Maeve e no seu irmão mais novo, o herdeiro de Sevenwaters: Finbar. E no amor de Maeve pelos seus cães: Urso de Texugo. Quando finalmente acontece é e a coisa mais esquisita de sempre e, para mim, um pouco errado… Não consigo explicar sem spoilar, por isso fico calada. Mas tipo. Ugh.

Estava muito curiosa pelo final do livro para saber o que ia acontecer a Mac Dara e qual seria a conclusão final de Sevenwaters. Acabei por achar um final razoável mas que não me causou sentimentos. Gosto de finais felizes mas empolgantes. Não empolgou.

☽◯☾

Foi uma trilogia boa para passar o tempo nos transportes. Apaixonei-me pel’”O Herdeiro de Sevenwaters” e consegui apreciar os outros.

Se  recomendo esta trilogia aos fãs de Sevenwaters? Sinceramente… Não. A conclusão da “A Filha da Profecia” é boa o suficiente e acredito que muita gente preferisse esse final a este e que tivesse tudo acabado aí. É bastante compreensível que haja gente que leu tudo e que não tenha gostado da segunda trilogia pois tem um tom muito diferente da primeira. É muito mais juvenil e leve enquanto que a outra tem temas mais pesados e mais complexos. O encanto dos primeiros livros foi o toque de magia quase que alcançável mas que não o era de todo num mundo real e cruel. Era uma barreira leve entre o nosso mundo e o outro que nunca se passava. Os novos livros já se pousam em romance e muita fantasia e magia e seres mágicos.
Não me arrependo de ter lido mas penso que não me fazia falta ler. Passaria muito bem sem saber o futuro das netas de Sorcha.

Fica no entanto alguma saudade do mundo de Sevenwaters, que terminei de vez.

2 comentários:

  1. Não li tudo por medo de spoilers. Ainda só li "A Filha da Floresta" e gostei bastante. Acho que "O Filho das Sombras" também se encontra na biblioteca perto de minha casa e tenho de o requisitar quando conseguir arranjar tempo.

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    1. Então é melhor não leres pois fala de personagens que só a parecem depois de "O Filho das Sombras" :P
      Mas lê esse!! É o meu preferido, é lindo <3

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