Para quem me conhece sabe que eu não gosto de Reign e estou sempre a falar mal da série. Porque é que a vejo então e, inclusive, acabei a segunda temporada?
Porque adoro me rir com as barbaridades que lá acontecem. Esta série é um ataque à história e gosta de fazer do espectador burro. Esta é a minha série de comédia.
Reign
★☆☆☆☆
Não quero ser convencida mas a verdade é que sei bastante de história sobre esta época da história. Sei muito sobre a dinastia Tudor de Inglaterra, tal como sei dos seus antepassados e descendentes. E como a realeza gosta muito de casar entre si, acabo por saber sobre história de outros países.
Reign é focado na vida de Mary Stuart, rainha dos Escoceses nos seus anos jovem em França. Se sei mais de Inglaterra e só sei algumas coisas dos outros países porque é que acho que sei muito sobre Mary? Mary foi pretendente ao trono Inglês, rivalizando com a sua rainha Elizabeth I toda a sua vida. Cristã, ao contrário da Elizabeth, Mary sempre foi uma grande ameaça ao reinado Inglês. Cristãos queriam-na lá e os protestantes não. Isto para simplificar, tem sempre tudo a ver com uma questão de interesses. Pronto, Mary Stuart foi uma figura importante da história inglesa, daí saber mais do que poderia saber. Adiante, passando à série que mais abaixo já conto as piadas de mudanças que fazem.
A primeira temporada foi má. A segunda foi pior. Pondo de parte que esta série que se gosta de intitular histórica tem um guarda roupas longe do que era aceitável neste período e uma banda sonora moderna vamos lá ver o que é mais grave: A socialização entre as pessoas. Foca-se tudo muito no sexo. Antigamente falavam de sexo? Claro que sim, sempre se falou. Mas podem querer que não se falava abertamente, à vontade de homossexualidade, de voyers, diários sexuais, DIVORCIOS e sabes-se lá mais o quê que é usado como tema nesta série. E também duvido muito que grupos de amigas medievais andassem a contar como e com quem pinavam e a dizer que como já não se entendiam com o marido, que se iam divorciar. (Isso é do que me deixa mais parva, divorcio NUNCA foi fácil de se obter, até os reis se viam gregos para tal. Mas aqui fala-se de divorcio com uma facilidade enorme, nem se importam com comentários e virtude, coisas MUITO importantes na época).
Fora o sexo, também temos uma side story sobre paganismo. E ela ofendeu-me. Os pagãos são tão mauzões e burros e fazem sacrifícios, omg!!! A Diane of Poitiers (amante do rei francês Henry II) e o seu filho bastardo imaginário que nunca existiu eram pagãos!!!! Este tema é tratado de uma forma tão ignorante que me mete nojo. Os americanos com história e religião metem-me um nojo desgraçado.
Outro tema abordado que ao início foi a única coisa que gostei da série e achei bastante bem feito nos primeiros dois episódios foi violação. Mary foi violada num assalto ao castelo. Historicamente, Mary não foi aqui violada, apesar de haver suspeitas e até alguns relatos (que não se sabe se são verdadeiros) sobre ela ter sido violada por o suspeito de lhe ter morto o segundo esposo - Jaime Hepburn, quarto Conde de Bothwell - que acabou por se tornar o seu terceiro e último marido. Mas vamos fugir aos factos. Ela aqui foi violada por um Zé Ninguém e isso resultou numa caracterização que achei bastante bem feita do medo do toque, tentar demonstrar ser forte e sofrer às escondidas. Essa cena mexeu realmente comigo e achei a única coisa bem conseguida na série. Até ela continuar a avançar e todas as atitudes estúpidas de merda da Mary usarem a violação como desculpa. "Bo-oh, culpo-te a ti, Francis, és o meu marido e fui violada pelas tuas más escolhas, que fizeste para me tentares proteger de ser morta!!! Pare me curar vou trair-te e dar umas pinocadas com o teu primo Louis Condé. Opá, por amor aos Deuses, estragaram tudo aí. E basicamente o resto da história principal foca-se nisso. Ela trai o Francis e ele deixa.
Agora é a altura de me armar em marrona. Que raio se passou aqui?
Bom, primeiro, Louis Condé (que o correcto seria Louis I de Bourbon, Príncipe de Condé) nunca teve um caso com Mary Stuart. Nem a Eliazbeth I quis casar com ele. A única vez em que ele é moderadamente importante para a história do reinado de Francis II é quando, juntamente com o irmão, tentou conspirar o rapto do adolescente rei, porque os Bourbon estavam na linha do trono. (E ele e a Mary e o Francis eram todos parentes afastados, ehehe) Correu mal, já agora. E fim, ele não interessa para mais nada.
Ah, e vamos falar de como Mary e Francis foram casados muito pouco tempo. Ambos se casaram adolescentes e o seu reinado foi de um ano e uns meses, por Francis ter morrido aos 16 anos com uma infecção nos ouvidos. Bela história de amor. E o Francis também não matou o pai. <3
Opááá e o bastardinho que nunca existiu do Francis e a imaginária Lola? <3333
Opááá e o bastardinho que nunca existiu do Francis e a imaginária Lola? <3333
Não vamos comentar o quão ridicula a Catherine de Medici é nesta série (apesar de ser a melhor personagem!). Uma rainha forte que tomou conta do reino com dois filhos a governar um país cheio de ameaças ainda crianças a ser caracterizada como uma cobra vingativa, enfim.
E então a Elizabeth I que aqui é a vilã? Uma cabra má?! Ai, adoro. A Mary Stuart passou a vida inteira a planear matar Elizabeth para chegar ao trono de Inglaterra e aqui é boazinha. Claro, é a personagem principal, não podia ser má!! Minha querida Elizabeth, que te fizeram...
Vou continuar a ver Reign enquanto espero ansiosamente ver Mary of Scots a ser decapitada em Inglaterra por traição e atentado à vida da Rainha. Ops, spoilers, a Mary morre sem cabeça depois de ter passado a vida a ser uma porquinha tola sem ter sido uma verdadeira Rainha. Mas não chorem, o filho dela do segundo casamento passa a ser o herdeiro de Elizabeth ao trono e junta Inglaterra e Escócia.
Para quem não sabe de história e que gosta de Gossip Girl Medieval, vai gostar disto e faz muito bem em ver. Mas eu sei de história e gosto demasiado de história para conseguir gostar de Reign. Isto para mim é um atentado. Se virem isto, por favor, não acreditem em nada em termos históricos.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarEssa serie pelo que dá pra ver desde o inicio, nao se baseia em historia factual, mas uma livre adaptacao. Gosto muito quando os roteiristas podem se ver livres das amarras dos fatos e criarem além do que foi verdade, afinal uma serie deve cativar e manter os espectadores cativos. De cara percebe-se a ficção pelo vestuário, completamente alterado e descaradamente falso. Em uma cena, Mary usa um vestido estampado em malha, algo que nao existia da forma que aparece. Nao acho que seja uma série que seja tomado ao pé da letra, nota-se claramente o uso de musicas modernas como influencia do filme de Sophia Copolla que conta a vida da rainha Antoinete do ponto de vista de uma adolescente contemporanea. Digo isso para que vc nao enxergue a seria como uma comedia, mas uma adaptação livre, baseada em um personagem que realmente existiu.
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