terça-feira, 2 de outubro de 2018

Children of Blood and Bone

Ouvi maravilhas sobre este livro e acabei por me render e compra-lo.

Foi uma leitura que me deixou colada do início ao fim. Deitava-me tarde de mais porque não queria parar de ler e, quando não esta a ler, estava desejosa de o ir fazer.

Children of Blood and Bone
de Tomi Adeyemi
Eles mataram a minha mãe.  
Eles tiraram a nossa magia. 
Eles tentaram enterrar-nos. 
Agora erguemo-nos. 

Zélie Adebola lembra-se de quando o solo de Orisha cantava magia. Os Burners acendiam chamas, os Tinders chamavam ondas, e a mãe Reaper de Zélie invocava almas. 
Mas tudo mudou na noite em que a magia desapareceu. Pelas ordens de um rei cruel, todos os maji foram mortos, deixando Zélie sem mãe e o seu povo sem esperança. 
Agora Zélie tem a chance de trazer de volta a magia e de lutar contra a monarquia. Com a ajuda de uma princesa renegada, Zélie tem que enganar e ganhar ao príncipe herdeiro, que está determinado em erradicar a magia para sempre. 
O perigo espreita em Orisha, onde leoponaires de neve rondam e espíritos vingativos esperam nas águas. Mas o maior perigo para Zélie pode ser ela própria, enquanto luta para controlar os seus poderes e os sentimentos que crescem por um inimigo.

Os capítulos são curtos e variam entre três personagens: Zélie, Amari e Inan, o que nos deixa sempre em pulgas para saber o que vai acontecer a seguir.

Todas as personagens são espectaculares; é impossível ficar indiferente a alguma, todas elas são capazes de nos transmitir alguma coisa e não consegui ter uma personagem preferida, adoro todas. São tão reais.

É a primeira vez que li algo num setting com apenas personagens negras e influências africanas. 

Tenho vergonha de admitir isto, mas tive receio de me ficar a sentir à deriva por não conhecer quase nada desta cultura. Leio maioritariamente fantasia e, infelizmente, é raro existir diversidade com personagens; e, quando há, é pouca; por isso, ao ler algo apenas e unicamente com personagens negras, tive medo de ser algo em que me estivesse a intrometer por ser branca, não sei explicar... Como se não merecesse ler algo que celebra a cultura africana por fazer parte da sociedade privilegiada branca. A verdade feia é que a raça negra é marginalizada na literatura fantástica e isso sempre me incomodou. É raro negros terem algo deles, que direito tenho eu de ler algo que finalmente tem o foco neles? 
Mas a curiosidade venceu e li na mesma. E ainda bem que o fiz. Adorei.


É dos melhores livros de fantasia que li nos últimos tempos e fico muito feliz por ele dar voz e destaque à cultura africana.
Devia existir mais livros assim, são realmente inspiradores. Abordam temas que actualmente são muito significativos, principalmente a discriminação racial.
Fiquei muito sensibilizada e queria muito que mais pessoas lessem este livro e sentissem o mesmo.


Existe também vários outros temas ligados à influência africana que desconhecia como por exemplo, a religião iorubá que achei incrível. Ganhei imensa curiosidade em ficar a conhecer mais sobre essa cultura tão rica que tem todo o meu respeito. 
Também me deu um óptimo tema de assunto com a minha mãe que é angolana mas que não conhece quase nada da cultura do país em que nasceu e viveu poucos anos... Sabe bem partilhar estas coisas.


O livro é fenomenal e aguardo ansiosamente pelo próximo que sai para o ano. E se este não for publicado em Portugal é um crime.

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