sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Perdida

Perdi o meu caminho.
Os delírios da mente ofuscam-me
A insegurança bloqueou a razão.
Não sei o que pensar.
O que é? O que não é?
O que sou? Porque aqui estou?
A ilusão de amor perdeu o sabor
A felicidade transformou-se em cinzas.
Estou perdida na minha própria mente
(E não sei se me quero encontrar.)
Respirar dói.
As lágrimas ardem,
Não as consigo controlar.
Já não consigo falar.
Pára. Acabou.
Não quero acordar.

segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

Retrospectiva de 2017

Já li milhões de posts de agradecimento a 2017 e das esperanças para 2018. Então, para ser mais uma em um milhão, também vou partilhar retrospectiva do meu ano de 2017.

Se tivesse que usar uma palavra para descrever como foi 2017, a primeira que me surge à mente é: Merda. 2017 foi um ano de merda.
Alguma coisa que me tenha feito sentir verdadeiramente grata nesse ano? Nenhuma.

Foi definitivamente o pior ano que tive o desprazer de viver. Foi um ano repleto de desilusões e lágrimas. Não me sinto agradecida por porra nenhuma e se pudesse clicar num botão e apagar este ano da minha vida, não pensava duas vezes.

Tive a minha vida tal como a conhecia completamente virada de pernas para o ar. Desapareceu. Toda a evolução que fiz como pessoa foi arruinada e voltei a começar do zero sem saber bem onde vou buscar as forças para o fazer.

Mentiram-me. Enganaram-me. Usaram-me. Pessoas de quem gostava e confiava. Aprendi que nunca conhecemos realmente alguém e que é raro existir alguém honesto e de bom coração que pense realmente nos outros e não se deixe levar pelo seu próprio egoísmo tentando justificar toda a maldade que faz para se sentir bem consigo próprio. Nunca me senti tão traída como nesse ano.

Tive que me apoiar nem sei eu no quê para poder, finalmente, tentar travar os meus demónios.

A minha ansiedade piorou e a depressão nem vale a pena comentar. Aumentaram-me a dose de medicação para ambas as coisas. E, como se essas duas coisas já não fossem suficientes... Surpresa, surpresa! Fui diagnosticada com PTSD.

Comecei a gastar rios de dinheiro em terapia para conseguir ter força para acordar todos os dias sem desejar que me caísse um meteorito em cima. Agora tenho que estar no gabinete a reviver constantemente coisas que quero esquecer e choro, e choro. Acho que nunca chorei tanto - não sei como não sequei. "Mas tem que ser" diz a psicóloga "Temos que reviver tudo para conseguir superar o trauma. Vai custar mas vamos conseguir e vais sobreviver.". Aguardo ansiosamente por o dia em que posso começar a viver sem ser seguida pelos fantasmas do meu passado.

Tenho que escrever isto porque sinto a raiva que ainda existe em mim a querer explodir e eu não me quero descontrolar. Tudo porque neste ano não houve um único momento onde me tivesse sentido genuinamente feliz. Houve momentos mais alegres que outros mas ao fim do dia continua a sentir um vazio onde antes tinha um coração.

"És uma pessoa fantástica." disse-me uma das mágoas. Olha do que valeu ser assim tão fantástica. Talvez de fosse cínica e egoísta como a maioria agora não me sentisse partida.
Todos os anos tenho lutado para ser uma pessoa melhor mas, numa questão de minutos, tudo desapareceu. Deixei que o ódio voltasse a entrar em mim. Não gosto de odiar. Não me sinto bem a odiar alguém. Mas agora não consigo controlar. Odeio aquela pessoa e não lhe desejo bem. Agora, tenho que voltar a pegar em mim e voltar a aprender a não odiar. A aceitar o que é e largar o que passou. Mas é uma aprendizagem difícil. Tento realmente não desejar nada de mal. Mas ainda não lhe desejo bem. Desejo que o que me fez, volte três vezes de volta, tal como dita a lei tríplice. Se for bom ou mau... É uma questão de perspectiva. No fim todos nós temos aquilo que merecemos.

Agora tenho que ter força o suficiente para me agarrar a um apoio invisível para sobreviver. Para parar de ter medo. Para parar de me massacrar e parar de me sentir culpara por coisas pelas quais não tive culpa. Não sou o que aquela voz negra na minha mente diz que sou. Sou mais que isso. Tenho que superar o que me aconteceu no passado e aceitar-me tal como sou. Não posso deixar que um momento e toda uma tortura psicológica dite aquilo que sou. Tenho que parar de ter medo de falhar.

Poucos dias antes de acabar o ano, uma pessoa disse-me que nós é que escrevemos a nossa história e temos que nos escrever como as guerreiras, não as vítimas. Fui efectivamente uma vítima mas daqui para a frente vou tentar ver-me como uma pessoa que sobreviveu. Errei em apoiar-me por completo numa outra pessoa e vê-la como salvadora. Ela abandonou-me e vi-me sozinha. Aprendi que só posso depender de mim. 

Portanto, as minhas resoluções de ano novo?
Continuar a terapia e evoluir sem deixar que a PTSD me volte a prender. Sobreviver até conseguir viver. Aprender a ser feliz.